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Especial Paulo da Portela: Parte 3

, Especial Paulo da Portela

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Logo nos primeiros desfiles, a Portela demonstrava que estava destinada a ser a principal escola do carnaval carioca. Paulo, o líder, era o principal responsável por esse sucesso, decidindo os destinos da agremiação que ajudou a fundar ao longo de toda a década de 30. Paulo era mestre de canto, responsável por segurar o samba da Portela, ao lado de João da Gente, responsável pelos versos de improviso, e Cláudio Bernardo. Não é exagero afirmarmos que Paulo, além de primeiro presidente, foi também o primeiro “puxador” de samba que a Portela apresentou em seus desfiles.

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Em 1932, o jornal “Mundo Esportivo” patrocinou o primeiro concurso das escolas de samba. Paulo havia composto um samba especialmente para o desfile, mas abriu mão de sua obra em favor do samba “Lá vem ela”, de Ernani Alvarenga. Seria comum que Paulo, na condição de líder do grupo, fizesse questão de ter seu samba cantado em desfile, afinal, a vaidade está presente em todos os seres humanos.
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Mas Paulo era diferente. Era um verdadeiro líder. E apenas os verdadeiros líderes estão acima das pequenas fraquezas humanas. Paulo percebeu a preciosidade que era a obra de Alvarenga, e o desfile mostrou que ele tinha razão, pois “Lá vem ela” foi o grande sucesso do carnaval de 1932, transformando-se no primeiro samba cantado em desfile a fazer sucesso nas rádios.
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Paulo também era uma espécie de “diretor de harmonia”, função que não existia na época. As pastoras e os componentes da escola, de uma maneira geral, eram ensaiados por Paulo, recebendo, também, preciosas informações de como se comportar nos desfiles. Foi assim também nos anos de 1933 e 1934, quando a Portela, mesmo não conseguindo o título, se consolidava como grande escola.
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Em 1935, a Portela conseguiu seu primeiro campeonato, e justamente no primeiro concurso oficial de escolas de samba. Paulo compôs “Guanabara”, um dos sambas cantados nessa gloriosa vitória. Após o carnaval, a escola viu-se obrigada a trocar o nome que ostentava até então. Paulo, defendendo o antigo nome, relutou em aceitar a mudança do nome para Portela, mesmo nunca tendo sido conhecido por “Paulo da Vai Como Pode”. Diante dos vários compromissos que a fama estava trazendo para Paulo, a Portela foi obrigada a desfilar nos anos de 1936 e 37 sem o empenho de seu principal líder. Os reflexos dessa ausência foram sentidos durante as confusas apresentações que a escola realizou nesses anos. Mas as confusões não se limitaram aos desfiles da Portela. O carnaval, de uma maneira geral, refletia a turbulência que a política brasileira estava atravessando.
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Em 1939, Paulo finalmente pôde se dedicar novamente a sua escola. Livre de seus compromissos, já consagrado como um dos maiores artistas do país, Paulo comandou sua Portela em seu segundo título. Recebendo aplausos de uma Praça XI lotada, a escola apresentou o histórico “Teste ao samba”, em que Paulo foi o responsável pelo enredo e pelo samba apresentado, considerado por muitos especialistas como o primeiro samba-enredo da história. Foi literalmente uma aula de samba. Vestido de professor, Paulo, diante da comissão julgadora, entregava diplomas aos componentes da escola, fantasiados de alunos. A cena, que entrou para a história do carnaval e das escolas de samba, fez a figura de Paulo ser eternizada como “professor”.
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No ano seguinte, Paulo idealizou o enredo “Homenagem à Justiça”, desenvolvido por Lino Manuel dos Reis, e novamente compôs o samba apresentado em desfile. Mas o sucesso do ano anterior não se repetiu e a escola ficou com a 5ª colocação, sua pior classificação até aquele ano.
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Podemos definir os anos em que Paulo esteve à frente dos destinos da Portela como os anos em que a escola se estruturou e se consolidou como grande agremiação. Foram nove carnavais e dois títulos. A Portela engatinhava como escola de samba. No início da década de 30, muitas escolas surgiram e desapareceram, poucas sobreviveram e chegaram às décadas seguintes. A Portela, a Portela de Paulo, foi uma dessas raras exceções. Agora, a Portela atingira a maioridade, poderia andar sozinha. Paulo seguia seu caminho.

 

Fonte: Portela Web

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