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Especial Paulo da Portela: Parte 5

, Especial Paulo da Portela

 

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Paulo custou a se recuperar de seu complicado afastamento da Portela. De volta aos principais redutos de samba, percebeu que seu sucesso continuaria independentemente de estar ou não ligado à escola. A imprensa continuou dando um imenso destaque a Paulo, que sem dúvida nenhuma foi uma das personalidades mais conhecidas do Rio de Janeiro nas décadas de 30 e 40.
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Ainda em 1941, Paulo ingressou na Lira do Amor, cuja sede ficava na Rua Pacheco da Rocha, em Bento Ribeiro. Paulo assumia o difícil desafio de transformar a pequena escola de Bento Ribeiro, bairro vizinho a Oswaldo Cruz, numa grande escola de samba. Apostava em seu carisma, na sua capacidade, e nos amigos que construíra ao longo da vida. Alguns portelenses, como a pastora Eunice, atual integrante do conjunto da velha guarda show da Portela, acompanharam Paulo em sua difícil empreitada.
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Para os componentes da Lira do Amor, o reforço de Paulo representava a oportunidade de a escola disputar de igual para igual com as principais agremiações do carnaval carioca. Entretanto, até os mais otimistas sabiam que mesmo Paulo da Portela teria muito trabalho para alcançar esse objetivo.
Logo no primeiro carnaval após a chegada de Paulo, em 1942, a pequena Lira não desfilou. Paulo não resistiu, e foi assistir ao desfile de sua escola. Diante da Portela, Paulo bebeu mais do que era de costume. Estava aos prantos, como se fosse uma criança, alguns amigos queriam levá-lo para casa. Paulo não deixava, queria permanecer ali, estático, chorando, lembrando como tudo começou.
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Nos anos de 1943, 44 e 45, a Guerra que era travada na Europa começou a apresentar seus reflexos no carnaval carioca. Muitos não viam motivos para folia diante do momento por que o mundo estava passando. Das manifestações carnavalescas, apenas as escolas de samba continuaram em atividade nesses três anos. Mesmo assim, poucas escolas se apresentaram nos desfiles, ocorridos no Estádio do Clube de Regatas Vasco da Gama. A Lira do Amor, assim como muitas escolas nesse período, teve suas subvenções retidas pela prefeitura, o que impediu que a escola desfilasse.
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Finalmente, em 1946, Paulo, na condição de presidente da escola, pôde desfilar pela Lira do Amor. Desde que Paulo se afastara, a Portela tinha vencido em todos os anos. Já naquela época se transformava na maior campeã do carnaval carioca. Com Paulo, a Lira do Amor obteve a sexta colocação, seu melhor resultado em todos os tempos. A campeã, mais uma vez, foi a Portela. Essas colocações voltariam a se repetir em 1947, último ano dos famosos “sete anos de glória” da Portela.
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Em 15 de novembro de 1946, em um desfile organizado pela UGES, no Campo de São Cristovão, a Lira do Amor fez uma emocionante homenagem ao senador Luiz Carlos Prestes, do Partido Comunista Brasileiro. O samba foi “Cavaleiro da Esperança”, que, apesar de ter sido assinado por José Brito, teve sua autoria creditada, anos mais tarde, a Paulo da Portela:
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Cavaleiro da esperança
Paulo Benjamim de Oliveira (Paulo da Portela)
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 Prestes, Cavaleiro da Esperança
 Foi o homem que pelo povo relutou
 Seu nome foi disputado dentro das urnas
 Oh! Carlos Prestes
 Foi bem merecida a cadeira de senador
 És o cavaleiro que sonhamos
 De ti tudo esperamos
 Com todo amor febril
 Para amenizar nossas dores
 E levar bem alto as cores
 Da bandeira do Brasil”
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No palanque, Paulo assisitia ao desfile ao lado do ministro da Polônia e do próprio senador Prestes, em quem deu um caloroso abraço na hora do desfile de sua escola. Paulo era, definitivamente, muito mais que um simples sambista.
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Em 1948, a morte trágica de um de seus principais integrantes impediu que a escola desfilasse. E no ano seguinte, 1949,  quando todos tinham esperança no sucesso da Lira do Amor, foi a morte do próprio Paulo que interrompeu o sonho dos sambistas de Bento Ribeiro.
onte: Portela Web

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Comentários

A saída de Paulo da GRES Portela(em fevereiro de 1941)sempre foi interpretada como um fato radical. Mas, na verdade, não foi. Nos anos em que esteve "afastado", algumas vezes vamos encontrá-lo participando de eventos da Portela, como no episódio da visita de Walt Disney à escola, em agosto de 1941,fartamente noticiado, em que ele está à frente de tudo, recepcionando o visitante.
Num depoimento, Joel da Siveira conta que no mesmo ano Paulo levou a Portela à Mangueira, 1ª visita de cortesia em 12 anos. Como explicar?
Marilia Trindade Barboza, biógrafa, in "Paulo da Portela, Traço de união entre duas culturas", com Ligia Santos, Funarte, 1989.

A saída de Paulo da GRES Portela(em fevereiro de 1941)sempre foi interpretada como um fato radical. Mas, na verdade, não foi. Nos anos em que esteve "afastado", algumas vezes vamos encontrá-lo participando de eventos da Portela, como no episódio da visita de Walt Disney à escola, em agosto de 1941,fartamente noticiado, em que ele está à frente de tudo, recepcionando o visitante.
Num depoimento, Joel da Siveira conta que no mesmo ano Paulo levou a Portela à Mangueira, 1ª visita de cortesia em 12 anos. Como explicar?
Marilia Trindade Barboza, biógrafa, in "Paulo da Portela, Traço de união entre duas culturas", com Ligia Santos, Funarte, 1989.

A saída de Paulo da GRES Portela(em fevereiro de 1941)sempre foi interpretada como um fato radical. Mas, na verdade, não foi. Nos anos em que esteve "afastado", algumas vezes vamos encontrá-lo participando de eventos da Portela, como no episódio da visita de Walt Disney à escola, em agosto de 1941,fartamente noticiado, em que ele está à frente de tudo, recepcionando o visitante.
Num depoimento, Joel da Siveira conta que no mesmo ano Paulo levou a Portela à Mangueira, 1ª visita de cortesia em 12 anos. Como explicar?
Marilia Trindade Barboza, biógrafa, in "Paulo da Portela, Traço de união entre duas culturas", com Ligia Santos, Funarte, 1989.

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