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Especial Paulo da Portela: Última Parte + Coletânea para Download

, Coletâneas do Receita

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Pra começar 2013 com o pé direito, uma postagem sobre o maior sambista de todos os tempos, o professor Paulo da Portela. Acompanhando o último texto da série sobre o compositor preparei uma coletânea com 26 sambas do mestre Paulo, além do documentário “O seu nome não caiu no esquecimento”.
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Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 1949. Um sábado comum, a poucos dias do carnaval. Pela manhã, Paulo teria finalmente concordado em voltar para a Portela, após 8 anos de afastamento. A declaração, informalmente feita para o jovem amigo Alvaiade na estação de trem, traria novamente alegria para todos em Oswaldo Cruz.
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Paulo seguia, apressado como sempre, para Jacarepaguá. Na volta, desceria na estação de Bento Ribeiro, uma após Oswaldo Cruz, onde habitualmente saltava. Andou até a Rua Tácito de Esmeris, onde ficava a pequena escola Paz e Amor. Lá, encontrou vários amigos, e depois de um tempo atravessava a linha do trem para chegar à Lira do Amor, escola da qual fez parte nos últimos anos.
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Mais tarde, faria uma apresentação em um circo. Ali, pertinho, na esquina das ruas Carolina Machado e Frei Bento. Próximo à Estrada do Portela, pára num bar e, esquecendo-se dos conselhos do médico, começa a beber. Seu compadre Cláudio Bernardo percebe que o amigo não estava bem e chama sua atenção para o excesso.
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No circo, Paulo é aclamado e se emociona; foi o último reconhecimento que o mestre receberia ainda em vida. Durante a madrugada, Paulo morreria. Colapso cardíaco, segundo um médico amigo atestou.
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O enterro de Paulo foi, talvez, o momento mais marcante da história do subúrbio de Oswaldo Cruz. Quinze mil pessoas acompanharam o cortejo fúnebre, que seguiu de sua pequena casa, na Rua Carolina Machado, até o cemitério de Irajá, atravessando todo o bairro de Madureira. Sua esposa, Maria Elisa, não permitiu que Natal cobrisse o caixão com a bandeira da Portela. Dizia que “se ele não voltou em vida, também não voltará depois de morto”. Infelizmente, a promessa feita ao jovem Alvaiade não pôde ser cumprida. Paulo jamais voltaria a ser da Portela.
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Esse relato, segundo o que está escrito no livro “Paulo da Portela – traço de união entre duas culturas”, de Marília Barboza e Lígia Santos, mostra os últimos momentos do homem Paulo da Portela. A partir daí, entrava em cena o mito, o exemplo a ser seguido. Os homens morrem, mas suas obras são eternas, permanecem para sempre imortalizando ideais e sonhos. E nós, cem anos depois, contemplamos seus ensinamentos, escrevendo nossas histórias com a fé em seus conselhos.
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Príncipe Paulo, elegantemente vestido. “Pés e pescoço ocupados”. Buscamos assim a valorização da raça negra. Sonhamos com uma revolução pacífica, uma conscientização de toda a sociedade, respeitando, finalmente, a diversidade de uma população de formação especial.
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Buscamos o reconhecimento de que o Rio se estende para além das fronteiras da mídia. O Rio também é Oswaldo Cruz, também é Madureira. O Rio também é quente e de ruas empoeiradas. Aprendemos que é preciso superar os preconceitos, estereótipos discriminatórios que precisam ser vencidos. O subúrbio também canta, também dança. E a riqueza da produção cultural do subúrbio responde por uma nome reconhecido internacionalmente: Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.
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A Portela, maior obra de Paulo, prova concreta do que o subúrbio é capaz, foi o legado maior deixado pelo professor. Se os ensinamentos de Paulo orientam nossos caminhos, a Portela é a personificação de seus sonhos. Sonhos pintados nas cores azul e branca, batendo asas na forma de uma Águia, embalados na perfeita harmonia entre a inconfundível cadência de uma bateria e as belas letras de uma produção musical peculiar.
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Portela que une passado e presente. Na magia do amor que desperta, estende um facho de luz para a eternidade, unindo nossos sonhos aos de Paulo, tornando viva sua presença ao nosso lado. Somos todos iguais diante da sombra de suas asas, sentimento que atravessa o tempo e as gerações.
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E lá estará Paulo, onipresente mais uma vez no carnaval. Estará na lágrima da baiana, no orgulho do passista ou na emoção do ritmista, não importa. As mesmas lágrimas dos olhos de Paulo já rolaram, o mesmo orgulho e a mesma emoção já foram por ele sentidos.
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Como não podia deixar de ser, segue o link para uma seleção de sambas do mestre Paulo da Portela que preparei pra vocês:

(clique no link que diz: “Click here to start download from sendspace”)

Assista também ao documentário “O Seu Nome Não Caiu no Esquecimento”, uma excelente fonte de informações sobre Paulo da portela:

 

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