O Surgimento da Primeira Escola de Samba
, A Escola do Samba
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“A primeira escola de samba
Nasceu no Estácio de Sá
Eu digo isso e afirmo… e posso provar
Porque existiram naquele tempo
Os professores do lugar
Mano Nilton, Mano Rubens e Edgar…”
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Ao final da década de 20 o grande destaque do carnaval de rua no Rio de Janeiro ainda era o desfile dos Ranchos, Cordões e Blocos carnavalescos. Embalados por marchas ou mesmo o samba, ainda com um tempero forte do maxixe, essas manifestações carnavalescas tiveram obviamente uma forte influência sobre a estrutura dos desfiles das escolas de samba: as alegorias, a divisão em alas, o enredo (não confundir com o samba enredo!), a instrumentação…
O samba ainda não havia rompido suas relações com o maxixe e o estilo “Pelo Telefone” era tido como o modelo de samba, o samba gravado e cantado pelos grandes nomes da época.
Nilton Bastos |
O café Apolo foi palco das primeiras reuniões para a criação da Escola de Samba Deixa Falar, que já não contava mais com a presença do Mano Rubem, que faleceu em 1927, com apenas 23 anos. As cores escolhidas foram o vermelho e branco, em homenagem ao bloco União Faz a Força fundado por Mano Rubem Barcelos e também uma referência às cores do América Futebol Clube. O nome Deixa Falar, como explicado pelo Ismael no vídeo acima era uma resposta aos que achavam que a turma do Estácio não entendia de samba.
Foi a Deixa Falar a primeira escola a desfilar com surdos e tamborins, alterando o andamento do samba com a introdução da síncope, rompendo de vez com o maxixe. Aliás foi o Alcebíades Barcelos, o Bide, quem inventou o surdo, usando uma grande lata de manteiga, como ele próprio conta no depoimento abaixo:
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Mano Edgar |
Portanto a Deixa Falar nunca chegou a participar dos desfiles oficiais, a partir de 1932, virando rancho carnavalesco, pois seus dirigentes julgavam essa categoria superior às escolas de samba. Participou de um concurso de ranchos e não obteve qualquer classificação. Depois disso a escola enfrentou uma crise em sua diretoria por problemas financeiros e acabou se desfazendo.
A Deixa Falar teve vida curta, mas deixou um lembranças que moldaram as histórias do samba e do carnaval carioca: foi com ela que nasceram as escolas de samba, com ela surgiu a marcação do surdo, o samba carnavalesco… os desfiles nunca mais foram os mesmos!
Teve gente que não gostou. Um dos grandes critico do pessoal do Estácio era o compositor Sinhô, que não pensou duas vezes quando lhe perguntaram em uma entrevista para o Diário Carioca o que ele pensava sobre a evolução do samba:
“A evolução do samba! Francamente, não sei se ao que hora se observa devemos chamar evolução. Reparem bem nas musicas desse ano. Os seus autores querendo introduzir lhes novidades ou embelezá-los, fogem por completo ao ritmo do samba. O samba, meu amigo, tem a sua toada e não pode fugir dela. Os modernistas, porém, escrevem umas coisas muito parecidas com marchas e dizem samba. E lá vem sempre a mesma coisa: Mulher, Mulher, Vou deixar a malandragem… A malandragem eu deixei… Nossa Senhora da Penha… Nosso Senhor do Bomfim… Não fogem disso”
Bom, Deixa Falar…
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Fontes:
Almanaque do samba, de André Diniz
Disco História das Escolas de samba vol 1. Som Livre