Chico Santana 100 anos
, Biografia Ilustrada
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Chico Santana |
Em 2011 comemoramos também o centenário de outro grande bamba… Francisco Felisberto de Sant’Anna, o “Chico Santana”, um dos maiores nomes da Portela, mestre na arte da palavra e da melodia, nasceu em 22 de setembro de 1911 em Campo Grande, RJ. Ainda jovem foi morar em Oswaldo Cruz, onde conheceu os bambas da Portela, escola à qual dedicaria seu samba até o fim da vida…
Chico Santana é um dos compositores mais respeitados na Portela… Pertenceu ao grupo da Velha Guarda desde sua criação em 1970 e foi autor dos Hinos da Portela e da Velha Guarda. Seu prestígio era tão grande que, mesmo tendo atingido o limite de três sambas para aquele ano, Alvaiade teve que abrir uma exceção quando Chico Santana lhe mostrou o novo samba que tinha composto. O próprio Alvaiade conta em uma entrevista já publicada aqui no blog:
“Houve uma época que combinei com os compositores que cada um só podia lançar duas músicas por ano. Todo mundo cumpriu. Mas houve um ano que o Chico Santana encontrou comigo na padaria e me trouxe um problema. Ele já tinha apresentado os seus dois sambas, mas tinha um terceiro que não queria deixar de lado. Me cantou o samba e eu gostei. Fiquei em dúvida e acabei quebrando o protocolo. Afinal, ele podia morrer, ou eu, e o samba ficaria esquecido. Hoje o samba é considerado, oficialmente, o hino oficial da Portela”.
Na bandeira do Brasil
E no céu também
Avante portelense
Para a vitória
Não vê que seu passado
É cheio de glória
Eu tenho saudade
Desperta, oh grande mocidade
As tuas cores tão lindas
Teus valores não têm fim
Portela, querida, és tudo na vida
Pra mim, pra mim”
“Meu primeiro samba na Portela, feito em 1951, foi em homenagem a ele: chama-se Avante. Foi gravado mais tarde pelo João Nogueira, mas com o nome de Passado da Portela. O próprio Chico gostou muito do samba. E fomos nos aproximando. Dali a uns dois anos, ele cantou para mim a primeira do Lenço… Ouvi, gostei muito. Ele me propôs: “Quer acabar isso?” Estremeci, fiquei em dúvida se eu teria capacidade, mas resolvi tentar… Fui lá para uma ruazinha de Oswaldo Cruz e fiz a segunda parte. Voltei, cantei para ele.
O Lenço (Chico Santana e Monarco)
Intérprete: Escola de Samba Portela, 1957
Fosse um amor de verdade
Eu não queria e nem podia
Ter maior felicidade
Com os olhos rassos d´água, me chamou
Implorando o meu perdão, mas eu não dou
Pega esse lenço, vai enxugar teu pranto
Já enxuguei o meu, o nosso amor morreu
Seguirei a ordem do meu coração
Não me fale em amor,
Nem tampouco me peça perdão
Eu não vejo honestidade em teu semblante
Falsidade isso sim eu vi bastante
Pega esse lenço e não chora
Enxugue o pranto, diga adeus e vá embora
Intérprete: Monarco
Eu era muito jovem não pensava
Que a desdita me abraçava
Foi por isso que perdi meu grande amor
Ela era tão linda e tão formosa
Como um botão em rosa
Um jardim em flor
Eu tinha 20 anos de idade
No vigor da minha mocidade
E pensava que o mundo era só meu
Por um capricho do destino
Quase chego ao desatino
Quando nosso amor morreu
Morreu caiu por terra
Toda minha ilusão
Andava pelas ruas
Chorando de paixão
Um certo alguém com piedade
Um dia me chamou:
Se queres um conselho de amigo eu lhe dou
Se é para esquecer peça coragem
Juro que não é miragem
Eu pedi com tanta fé que Deus me ouviu
Agora já não sinto mais saudade
Até a felicidade novamente me sorriu