Noel x Wilson Baptista: Polêmica?
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Uma das histórias mais conhecidas no meio “sambístico” é a fatídica troca de farpas entre os compositores Noel Rosa e Wilson Baptista nos anos 30. Rendeu até um disco, chamado “Polêmica” onde os cantores Roberto Paiva e Jorge Veiga narravam a disputa musical entre os dois compositores cariocas (BAIXE AQUI).
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A história começa com uma samba chamado “Lenço no Pescoço” lançado em 1933 pelo cantor Silvio Caldas. Assinado pelo desconhecido Mário Santoro o samba traçava com perfeição um retrato do malandro carioca, uma instituição do Rio naquela época. O samba causou polêmica na época e chegou a ter a veiculação proibida por fazer apologia à vadiagem. E o desconhecido Mário Santoro revelou-se na verdade o compositor Wilson Baptista que chegara há pouco tempo de Campos dos Goytacazes.
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Ainda em 1933 Wilson Teve o samba “Desacato” gravado e no lado B do disco estava o samba “Feitio de Oração” de Noel. Essa foi a primeira vez em que os caminhos dos dois se cruzaram e talvez tenha sido a primeira vez que o já consagrado Noel tomava conhecimento do pequeno mulato estreante.
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Noel e Wilson nunca foram grandes amigos, mas acabavam se cruzando pelos teatros e gravadoras e também pelas noites da Lapa. E foi num café da Lapa, o Dancing Apollo, onde conheceram uma bela dançarina e acabara os dois se interessando pela mesma mulher. Mas foi Wilson Baptista – o mulatinho novato – quem conquistou a garota.
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E foi na intenção de abaixar a crista do novato que Noel compôs o samba “Rapaz Folgado”, onde respondia verso a verso à auto promoção de Wilson no samba “Lenço no Pescoço”: “Tira do pescoço o lenço branco / compra sapato e gravata / joga fora essa navalha que te atrapalha”.
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Acontece que a história foi tão deturpada que hoje ao ouvirmos alguém contando temos a impressão que Noel e Wilson eram inimigos mortais. O que não é nem de longe uma verdade, tanto que a “briga” terminou da melhor maneira possível: em uma parceria entre os dois!
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No início dos anos 50 o compositor, cantor e radialista Almirante – na intenção de reviver a memória de Noel, que falecera há mais de uma década e já caia em certo esquecimento – apresentou uma série de programas no Rádio contando a vida e obra de Noel intitulada “Nos tempos de Noel Rosa” (BAIXE AQUI).
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Num desses programas Almirante convidou o compositor Wilson Baptista pra falar sobre a famosa troca de gentilezas com Noel, ocorrida cerca de 15 anos antes.
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Só que no enredo do programa, Almirante alterou a história, rearranjando os fatos a favor de Noel. Da forma contada por Almirante Noel teria feito o “Rapaz Folgado” tomado por um “louvável interesse pela regeneração dos temas poéticos da música popular”. Só quem não conhece a história de Noel pode achar que a letra de Rapaz Folgado refletia a verdadeira opinião de Noel sobre o Malandro Carioca. Logo o Noel que andava com vagabundos da maior grandeza como Baiaco, Brancura, Ismael Silva… Só malandro barra-pesada
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Se a letra de Rapaz Folgado fosse interpretada assim naquela época, Noel não estaria ofendendo apenas Wilson, mas praticamente todos os seus amigos e parceiros, além de contradizer o samba “Capricho de rapaz solteiro” de sua autoria e gravado no mesmo ano em que Wilson gravou “Lenço no Pescoço”. Comparem os dois sambas e vejam e o teor deles não é praticamente o mesmo:
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Fato é que Almirante em seu programa distorceu os fatos e o que tinha sido apenas uma brincadeira entre colegas na disputa por uma cabrocha, restrita à galhofa das rodas de compositores ganharia com o passar dos anos cores de um duelo quase épico, rendendo análises sociológicas profundas que contrapunham Vila Isabel x Estácio, Branco x Negro, Civilização x Malandragem. Assim o o Wilson-craque-da-composição foi sendo empurrado para a sombra pelo patético Wilson-vilão-da-Polêmica.
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Essa polêmica toda só se formou no inicio dos anos 50, mais de quinze anos depois da discussão musical. Muito antes disso a brincadeira entre os dois já tinha sido encerrada da melhor maneira: com um samba em parceria detonando a tal dançarina, causadora de toda a discórdia.
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Certo dia Noel e Wilson se encontraram por acaso em um café no centro do Rio. Pra acabar com aquela história Noel propôs uma parceria. Pegou a melodia de “Terra de Cego” (samba de Wilson que fazia parte da briga) e fizeram uma nova letra. Com o nome de “Deixa de ser convencida”, essa é a única parceria entre esses dois grande compositores. Depois disso, quase não se viram mais…
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Em 1937, quando soube da morte de Noel, Wilson fez um samba em homenagem ao colega, chamado “Grinalda”. Cantou-o em rádio, mas nunca chegou a gravá-lo. Até falecer em 1968, reverenciou Noel como um ídolo em dezenas de entrevistas. E citou-o em pelo menos oito sambas:
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Terra boa (1942)
Waldemar (Quero um samba) (1943)
Chico Viola (1952)
Garota dos discos (1952)
Skindô (1962)
Parabéns, Rio (1965)
A nova Lapa (1968)
Transplante de coração (1968)
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Grande história. Já a conhecia, mas sem alguns detalhes que estão aqui. A única coisa que acho lamentável é quando lembro do babaca do Caetano Veloso, que como pessoa, só fala merda, falando sobre isso, mas enfim. Valeu mais uma vez!
Grande história. Já a conhecia, mas sem alguns detalhes que estão aqui. A única coisa que acho lamentável é quando lembro do babaca do Caetano Veloso, que como pessoa, só fala merda, falando sobre isso, mas enfim. Valeu mais uma vez!
Grande história. Já a conhecia, mas sem alguns detalhes que estão aqui. A única coisa que acho lamentável é quando lembro do babaca do Caetano Veloso, que como pessoa, só fala merda, falando sobre isso, mas enfim. Valeu mais uma vez!