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O Samba na Era do Rádio

, 78 rpm

A chamada “Era do Rádio” foi sem dúvida um período de grande importância para a musica brasileira, particularmente para o samba, que ainda engatinhava quando compositores como Noel Rosa, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Herivelto Martins e muitos outros foram apresentados ao público pelas grandes vozes da época. Foi quando o samba começou a valer dinheiro e o sambista passou a defender algum vendendo seus sambas. Cartola, em depoimento ao programa Ensaio gravado na TV Cultura em 1973 conta:

“Um dia apareceu lá no morro o Mário Reis, querendo comprar uma música. Estava com outro rapaz, que veio falar comigo: O Mário Reis está aí e quer comprar um samba teu. Fiquei surpreso: O quê? Querendo comprar samba, você está maluco? Não vendo coisa nenhuma! No dia seguinte ele voltou e me levou até o Mário Reis. Ele confirmou: É, Cartola, quero gravar um samba seu. Fique tranquilo, seu nome vai aparecer direitinho. Quanto você quer por ele? 
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Pensei em pedir uns 50 mil réis. O outro rapaz falou baixinho: ‘Pede uns 500 mil’. Eu disse: ‘Você está louco, o homem não vai dar tudo isso’. Com muito medo, pedi os 500 mil. Em 1932, era muito dinheiro. O Mário Reis respondeu: ‘Então eu dou 300 mil réis, está bom para você?’. Bom, ele comprou o samba mas não gravou. Quem acabou gravando foi o Chico Alves.”
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Nesse tempo o samba era produzido quase que em ritmo industrial. Tempos em que os compositores se encontravam no Café Nice, compunham, formavam parcerias, arrumavam brigas. Ali, diziam que “samba é igual passarinho, está no ar, é de quem pegar primeiro”, frase atribuída a Sinhô e que ficou famosa durante uma polêmica entre ele e Heitor dos Prazeres, que dizia que Sinhô havia lhe “roubado” um samba…
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A partir de hoje o Receita de Samba conta com uma nova seção: “78 rpm”. Aqui você vai passear pelo vasto território do samba de antigamente. Cantado com “dó de peito”, gravado em 78 rpm por Mário Reis, Francisco Alves, Aracy de Almeida, Linda Batista e outros grandes cantores da época. À primeira vista, essas gravações tendem a causar um certo desconforto em nossos ouvidos, mas garanto que ao se embrenhar por esse mundo você logo se acostuma e não consegue mais parar… Chega até a sentir falta quando ouve um som de cd, limpinho…
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Entre gravações realizadas principalmente entre as décadas de 30 e 50 estão centenas, talvez milhares de sambas. Musicas geniais, que contam a história do samba e do Rio de Janeiro em seus versos. Assim, a seção “78rpm” vem pra tirar a poeira do acervo e divulgar esses sambas que, há décadas esquecidos, merecem ser novamente cantados nas rodas desse nosso Brasil!

 

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como eu adoro esse blog!

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