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Silas, viga mestra do Império Serrano

, A Escola do Samba

Em agosto de 1942, o vapor Itagiba, que transportava tripulantes do exército brasileiro foi abatido na costa da Bahia por um submarino alemão. A notícia, ouvida com atenção pelos moradores de madureira causava apreensão:

“Interrompemos nossa programação para informar que mais um navio brasileiro foi torpedeado pelos submarinos alemães. Trata-se do Itajiba, atingido quando navegava ao largo do litoral baiano. Até agora, não temos nenhuma notícia a respeito dos sobreviventes…”

Logo se apurou que os sobreviventes eram poucos e para muitos foi um alívio saber que entre eles estava o soldado Silas de Oliveira Assumpção. De volta em casa, Silas que já havia exercido a profissão de professor, seguindo os passos do pai – professor rigoroso, além de pastor batista, homem sério que não gostava de samba – pensou logo em desistir da carreira militar…

Chegou a trabalhar na guarda municipal, mas não se deu muito bem. Acabou conseguindo um emprego de guarda de portaria no Ministério da Educação, onde trabalhou até o fim da vida. Mas foi no samba que o “soldado” Silas de Oliveira fez história de verdade.

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Como o pai não gostava, Silas, ainda novo, dava um jeito de sair escondido pra frequentar as rodas de samba e de jongo onde se inspirava ouvindo mestres como Rufino, Aniceto, Mestre Fuleiro e Mano Elóy. Tomou gosto pela coisa e em 1934 conheceu Mano Décio da Viola, seu grande parceiro e que o levou pra escola de samba Prazer da Serrinha, onde a dupla comôs o primeiro de uma série de sambas enredo que marcaram a história do samba.

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Na Prazer da Serrinha tocou tamborim e foi diretor de bateria… Em 1940 desempenhava a inusitada função de revisor, corrigindo as letras dos sambas que seriam apresentados às pastoras no terreiro. Na década de 40, a direção pouco democrática da Prazer da Serrinha gerou um grande descontentamento por parte de vários compositores.
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Comandados por Sebastião Molequinho, protestaram, fizeram abaixo assinados e reunião, porém sem resultado… Ou melhor, o resultado foi o rompimento com a escola e a fundação do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, uma das mais tradicionais escolas do carnaval carioca. Entre seus fundadores, além de Silas de Oliveira, estão Molequinho, Mestre Fuleiro, João Gradim, Fumaça, Antônio Caetano… Só gente bamba.

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Não deu outra… sem os mandos e desmando do “seu Alfredo” e com um time de compositores de primeira linha, a escola chegou arrasando as concorrentes e ganhou quatro carnavais seguidos: 1948, 1949, 1950, 1951 (titulos da FBES). Aliás foi o Império que quebrou a série de 7 vitórias seguidas da Portela.

Em maio de 1972, Silas foi se apresentar em uma roda organizada pelo Mauro Duarte, no Clube ASA, em Botafogo. Queria arrumar um dinheiro para pagar a inscrição da filha no vestibular. Quando cantava o samba “Os Cinco Bailes da História do Rio”, sofreu um infarte fulminante e morreu ali, na batucada de bamba, na cadência bonita do samba…

Em pouco mais de 22 anos de dedicação ao Império, Silas compôs 14 sambas enredo, alguns deles considerados verdadeiras obras primas. Além disso, como não poderia deixar de ser, foi um grande compositor de sambas de terreiro. Preparei uma coletânea com alguns de seus sambas, quem não conhece é só baixar e se maravilhar com a obra desse grande mestre do samba!

 

01 – Meu Drama (Senhora Tentação) (Silas de Oliveira e Joaquim Ilarindo)

02 – Cruel Paixão (Silas de Oliveira)
03 – Fica (Silas de Oliveira)
04 – Desprezado (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
05 – Na água do Rio (Silas de Oliveira e Manoel Ferreira)
06 – O Império tocou reunir (Silas de Oliveira e Mano décio da Viola)
07 – Tristeza no Carnaval (Silas de Oliveira)
08 – Segura a conversa (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
09 – Berço do Samba (Edgard Cardoso e Silas de Oliveira)
10 – Calamidade (Silas de Oliveira)
11 – Rádio Patrulha (Silas de Oliveira, Marcelino Ramos, Luizinho e Dias J)
12 – Amor Aventureiro (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
13 – Ciências no Samba (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
14 – Apoteose do samba (Silas de Oliveira e Mano Décio)
15 – Legado de Getulio (Silas de Oliveira e Walter Rosa)
16 – A paz universal (Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola)
17 – 61 anos de república (Silas de Oliveira e Mano Décio)
18 – Exaltação a Duque de Caxias (Silas de Oliveira e Mano Décio)
19 – O Caçador de Esmeraldas (Silas de Oliveira e Mano Décio)
20 – Medalhas e Brasões (Silas de Oliveira e Mano Décio)
21 – Aquarela Brasileira (Silas de Oliveira)
22 – Os cinco bailes da história do Rio (Silas de Oliveira, Ivone Lara e Bacalhau)
23 – Glória e graças à Bahia (Silas de Oliveira e Joacyr Santana)
24 – São paulo chapadão de glórias (Silas de Oliveira e Joacyr Santana)
25 – Pernambuco leão do Norte (Silas de Oliveira)
26 – Heróis da Liberdade (Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira)

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