E o morro invade a cidade....
, Primeiro desfile das escolas de samba
Esse texto foi retirado de um trabalho acadêmico desenvolvido por Iuri Barbosa Ribeiro, chamado A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ASCENSÃO E NO DECLÍNIO DO SAMBA DE TERREIRO DOS ANOS 30 AOS ANOS 60. Gostei do texto, traz um resumo sobre a história do samba de terreiro, recheado de depoimentos de grandes bambas e outros autores. (baixe o artigo em PDF)
Mas gostei mesmo de ver uns textos do Jornal o Globo de 1932 ano em que uma revista chamada Mundo Esportivo promoveu o primeiro concurso oficial de escolas de samba do carnaval carioca. Pelo texto dá pra notar que em 1932, quase 15 anos depois de “pelo telefone” o samba já era artigo do morro, onde ganhou forma pelas mãos dos sambistas das escolas de samba… ás vezes dá pra perceber o samba era tratado pela sociedade carioca como algo quase folclórico, com “instrumentos bizarros” e melodias desconhecidas… algo misterioso….
Vale a pena conferir o texto na íntegra. Seguem os trechos publicados no O Globo e os comentários do autor do trabalho…
Percebe-se a pouca familiaridade do jornalista (e, de seus leitores) com elementos do morro como a cuíca, que é escrita entre aspas. Hoje qualquer habitante do Rio de Janeiro sabe o que é uma cuíca, ela é um ícone do samba, reconhecida em todos os cantos do planeta. Pois como mostra a nota acima, no início dos anos 30 ela era desconhecida da “maioria da cidade” e, logicamente, da grande maioria da população brasileira.
(CABRAL, 1974, p. 22)
As “melodias ignoradas” dos morros do Rio já vinham conquistando algum espaço. No texto acima, há um trecho que registra que já se conhecia alguma coisa da “música do malandro”. Alguns discos, de fato, já continham gravações de um ou outro samba mais famoso. As gravações, porém, tinham arranjos com “big bands”. Semelhantes, ou quase idênticas, às que gravavam jazz. Para quem o uvia a “música do malandro” gravada por “big bands” deveria ser mesmo uma surpresa agradável ouvir o samba legítimo, harmonioso, com “seus instrumentos bárbaros”.
Depois de amanhã, a Praça Onze será teatro do grande campeonato de samba (…) O Rio verá de fato a massa encantadora dos morros descer para a Praça Onze. O espetáculo não poderia ser mais pitoresco e sugestivo. (…) São pois centenas de bocas cantando com a maior emoção as melodias mais graciosas da cidade(…) O samba dos morros (…) fica lá em cima, longe de qualquer possibilidade de ser transportado para o disco. Há “malandros” que não admitem a vitrola porque tem a impressão de que, na chapa, o samba perde a sinceridade, a graça emotiva e doce, o espírito delicioso. Assim sendo, fazem o samba para si e para o seu gozo interior (…) Escolas há que se apresentarão com dezenas de “pastoras”. O coro feminino que se destaca… (CABRAL, 1974, p. 22)
Apesar da distância entre as realidades do morro e da cidade, o jornal O Globo não se limitou a apoiar e divulgar o evento de 1932. Em dezembro daquele ano, pela primeira vez, a imprensa subiu o morro em função da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. A equipe comandada por Jofre Rodrigues tinha Carlos Pimentel, o Paraíso, e Armando Reis, que haviam se mudado para O Globo com a extinção do Mundo Sportivo. (CABRAL, ESTEVES, 1998, p. 46) Além disso, foi O Globo que organizou o desfile das escolas de samba de 1933. A importância da imprensa como aliada do samba do morro era tamanha que no desfile desse ano, o segundo painel da Estação Primeira de Mangueira, dizia: “Salve a Imprensa”. (CABRAL, ESTEVES, 1998, p. 52)
Muito bom isso, chega até ser engraçado. Novos ritmos sempre sofrem certo preconceito, mas o samba nem tanto.
abraço
Muito bom isso, chega até ser engraçado. Novos ritmos sempre sofrem certo preconceito, mas o samba nem tanto.
abraço
Muito bom isso, chega até ser engraçado. Novos ritmos sempre sofrem certo preconceito, mas o samba nem tanto.
abraço