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Entrevista com João Batista Vargens sobre Candeia

, Candeia

Foto: Walter Firmo

 

Entrevista publicada originalmente no site PortelaWeb
 

Entrevista com João Baptista Vargens – biógrafo de Candeia – em 17/08/2005  

 
João Baptista M. Vargens, Professor-Doutor do Departamento de Línguas Orientais e Eslavas (ele é professor de árabe), recebeu a Equipe Portel@web em sua sala de trabalho na Faculdade de Letras da UFRJ. Era uma manhã de quarta-feira, com céu azul. Claro, portelense que é, vestia sóbria, discreta e elegante camisa azul. 
Entre diversos telefonemas da pastora Surica, da Velha Guarda da Portela, do Diretor do Departamento Cultural da Portela, Carlos Monte, e outras solicitações – e no intervalo de uma aula e outra – abriu coração e mente para lembrar do grande mestre Candeia.
Autor da biografia do Mestre (Candeia. Luz da inspiração, Rio de Janeiro, Funarte, 1997) e também de A Velha Guarda da Portela, com Carlos Monte, Rio de Janeiro, Manati, (2001), morou em Oswaldo Cruz dos 15 aos 26 anos. Uma época importante, porque é uma época de formação. Foi para lá quando estava cursando o 2º grau e todo o curso superior ele fez morando em Oswaldo Cruz.
Nesta quarta-feira, pudemos conhecer um pouco mais sobre sua obra e, ao mesmo tempo, reverenciá-la, sua ausência/presença entre nós.
Ah, aquela quarta-feira, dia 17 de agosto. Há 70 anos nascia Candeia.
PORTEL@WEB: E foi lá que o senhor começou a conhecer a Portela e o Candeia?
João Baptista: Não, eu já conhecia a Portela. Eu já era portelense. Agora, a primeira pessoa da Portela de quem eu me aproximei foi o Casquinha. O Casquinha era meu vizinho. Então nós conversávamos todos os dias até altas horas. Eu me lembro até do primeiro encontro. Eu vinha no ônibus chegando do meu colégio, eu estudava no Méier, no Colégio Visconde de Cairu, e o Casquinha embarcou no ponto da Portelinha. Na época não havia o Portelão. Aí quando eu desci, ele desceu também. Nós começamos uma conversa e ele:
— Casquinha: Você gosta desse negócio de samba?
— João Baptista: Claro, eu gosto!
— Casquinha: Você quer ir amanhã a um encontro que vai haver lá na Colônia Juliano Moreira em Jacarepaguá? Estarão presentes alguns sambistas…
E marcamos às sete horas da manhã. Ele iria de carona com um colega dele, Jorginho 40, que tinha um caminhão. Dez para as sete eu já estava lá no lugar onde nós marcamos, pertinho das nossas casas, e o Casquinha não apareceu. Aí eu me dirigi à casa dele e fui informado que ele já tinha ido. Na verdade, ele tinha esquecido desse compromisso. A gente tinha marcado na véspera. Esqueceu… Viu assim um garoto de 15 anos e pensou que eu não fosse. Aí o que eu fiz: peguei um ônibus até Madureira e de lá peguei outro até a Colônia Juliano Moreira. Nesse dia eu tive contato com uma série de compositores da Portela: Walter Rosa, Ari do Cavaco… Paulinho da Viola, Waldir 59, Anésio… Era época de apresentação de samba-enredo.
PORTEL@WEB:Isso foi em que ano?
JB: Isso foi exatamente em 67. Estavam fazendo o samba pra 68, que foi “O Tronco do Ipê”, segundo José de Alencar. Então, talvez para se penitenciar por ter esquecido, o Casquinha me arranjou uma carona de volta. Acho que ele ia para outro lugar. E quem me deu a carona foi o Paulinho da Viola. O Paulinho na época morava na Rua 28 de Setembro. Casquinha pediu pra ele me deixar em Madureira e ele me deixou em casa, lá em Oswaldo Cruz. Então o meu início dentro da intimidade do portelense, entre os compositores, dá-se a partir dessa visita. Deu-se na verdade numa colônia de loucos (risos). Depois, em 70, dois anos depois, quando o Paulinho da Viola fez o disco com a Velha Guarda da Portela, havia encontros para ensaios e eu comecei a freqüentá-los, também pelas mãos do Casquinha. Ia sempre à casa do Manacéa (porque os ensaios eram na casa do Manacéa). Foi lá então que eu me aproximei do grupo que hoje é a Velha Guarda da Portela. Naquela época eram jovens senhores da minha idade mais ou menos, talvez até mais novos que eu. Eu me senti bem, sabe. Eu fui muito bem tratado, muito bem acolhido. Daí surgiu uma grande amizade. Forte, muito forte com alguns como o Chico Santana, Manacéa. E até hoje eu conservo a amizade com as famílias dessas pessoas.
PORTEL@WEB: E o Candeia, como o senhor o conheceu?
JB: O Casquinha foi o grande parceiro do Candeia, né? Segundo Candeia, o seu maior parceiro. Certa vez, Roberto Moura entrevistou Candeia para o Pasquim e ele fez uma pergunta: “Candeia, de quem você queria ser parceiro: Caetano Veloso, Milton Nascimento, João Bosco, Chico Buarque?”. E ele foi descartando um a um com muita inteligência, dizendo: – Milton Nascimento é um grande compositor, mas ele faz umas vocalizações… Ele faz uma música diferente da minha. Chico Buarque é gênio e eu não posso ser parceiro de gênio. E assim também ele encontrou adjetivações para os outros. E finalizou dizendo que, entre todos esses, ele gostaria de ser parceiro do Casquinha. Então foi o Casquinha que me levou ao Candeia, embora eu tenha ido sozinho, com as minhas pernas.  Casquinha falava muito do Candeia e dizia que ele morava na Rua Albano, em Jacarepaguá, perto da Praça Seca. Na época eu tinha 15, 16 anos e o meu primeiro emprego foi como vendedor de livros (eu sempre vivi de livros: estudando, vendendo e escrevendo). E eu fui visitar uma aluna da Faculdade de Letras (na época eu ainda era secundarista) na Rua Albano, a qual era filha do então delegado de Caxias. Saindo de lá, eu perguntei se ela conhecia a casa do Candeia. Ela me indicou onde era e eu fui até lá (eu estava até com uniforme porque da rua eu ia direto para o colégio, além de o fato de estar uniformizado ajudar a vender). Então eu bati lá. Dona Leonilda, mulher do Candeia, me atendeu de forma muito receptiva. Eu me apresentei como colega do Casquinha e o Candeia me recebeu. Eu saí de lá abarrotado de letras de samba. Batemos um papo longo. Ele me serviu bolo, guaraná (coisa de criança ainda). Depois a amizade foi se estreitando e em 72 nós concorremos ao samba da Portela (eu fiz uma letra, e o Casquinha e o Davi do Pandeiro fizeram a música) e fomos bater um papo com o Candeia para saber o que ele achava. Eu acho até que ele deu uma opinião… sei lá… para prejudicar o samba, porque ele estava concorrendo também (risos). Ele sentiu que o nosso samba era forte. Mas ele se deu mal, porque o nosso samba foi até as quartas-de-final e o samba dele foi cortado logo. Ele tinha feito com o Wilson Moreira. Depois até esse samba foi gravado, não mais no ritmo de samba-enredo.
PORTEL@WEB: Como ele era pessoalmente?
JB: Muito gentil, muito agradável. Impetuoso, cheio de idéias. Queria fazer tudo. Conversava com várias pessoas ao mesmo tempo. Era um sujeito que tinha um intelecto brilhante. Em 75, com a criação da Quilombo, nós nos aproximamos mais ainda. Eu, inclusive, escrevi o manifesto da Quilombo. Isso aí lá na casa dele… ele tinha me falado que queria fazer uma outra escola de samba. Uma escola de samba que não tinha nada a ver com essas escolas de samba que existem ou que existiam na época. Então, quando cheguei a minha casa eu escrevi o manifesto da escola na parte seca da folha de um embrulho que eu trazia comigo. Só mudou-se um verbo por sugestão do jornalista, e também fundador da Quilombo, Juarez Barroso (já falecido). Esse texto foi traduzido para diversas línguas. A Quilombo teve uma grande divulgação e, na época da repressão militar, qualquer entidade, seja qual fosse, que conseguisse arrebanhar um grande número de pessoas, era vista como perigosa. Eles acreditavam que não fosse um movimento só cultural, que houvesse também algo de política…
PORTEL@WEB: Mas havia. Não partidária.
JB: É, a política estava ali. Era, obviamente, um movimento político. Nós tínhamos um compromisso, um princípio. Agora, houve uma repercussão grande. Talvez porque a própria comunidade suburbana ou até da própria cidade estivesse precisando daquilo. Então nós fizemos reuniões lá com 3.000 estivadores, outros tantos trabalhadores da construção civil. Isso era uma ameaça!
PORTEL@WEB: Isso em 75, né?
JB: De 75 até o Candeia morrer em 78.
PORTEL@WEB: Quer dizer, na verdade pré-Sindicato dos Trabalhadores no ABC.
JB: É, antes do Lula. Lula surge em 78. Quando o Lula surgiu, eu estava estudando em Damasco, na Síria. Eu viajei em setembro de 78. Lá é que eu vi as confusões todas. Passava na televisão vindo de São Paulo. Foi aí que os metalúrgicos começavam a tomar corpo. Mas isso foi antes… Então, eu acho que o fato de a gente aglutinar muita gente… Mas as pessoas iam também mais por causa do samba, por causa do feijão. Nós conseguíamos juntar grande número de pessoas pelos artistas que iam lá também: Martinho da Vila, Clara Nunes, Roberto Ribeiro. Então a gente fazia semanas culturais. Já que o foco estava lá, nós não perdíamos a oportunidade. Lançamento de discos, por exemplo, nós fizemos lá. Foi uma época muito interessante. Muito fértil. E nós tínhamos lá também Paulinho da Viola, Élton Medeiros, Wilson Moreira… Era um timaço!
PORTEL@WEB: De que forma o Candeia falava de Portela, dos amigos dele?
JB: Candeia era um portelense bastante identificado com a escola. Aos 17 anos ele ganhou o primeiro samba na Portela, desbancando Manacéa, que era o ganhador dos sambas-enredo. Mas ele tinha um espírito de liderança nato e então ele estava vendo que estava perdendo essa liderança dentro da Portela, até mesmo como compositor. Ele nunca foi dirigente, mais como compositor. A Portela estava levando pessoas do rádio, como Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Achavam que com esses nomes ela teria um maior espaço na mídia.
PORTEL@WEB: Tanto que em 1974 eles ganharam o samba “O Mundo Melhor de Pixinguinha”, né?
JB: Ganharam. Ganharam duas vezes eu acho.
PORTEL@WEB: E depois em 78.
JB: É, em 78 que deu aquela repercussão toda. Então ele estava sentindo que não tinha espaço mais ali. Havia duas alternativas: uma era lutar internamente e seria difícil, tanto é que o presidente só saiu no ano passado; e a outra era fundar uma escola de samba. E ele achou mais prático. E teria mais visibilidade.
PORTEL@WEB: O descontentamento dele na Portela era com a estrutura que veio com a chegada do Carlinhos Maracanã? Além disso, entrou também o Hiram Araújo, que assumiu o departamento cultural.
JB: Não… olha só… a Portela foi sempre uma escola que abrigou gente de toda a cidade. Uma escola vencedora. Então era mais do que natural haver grandes adeptos. Além de tudo, é uma escola de planície, não é de morro. Então era fácil de você chegar. Você ir à Mangueira já era mais complicado. Subir o morro do Salgueiro era mais complicado. Por causa disso, a Portela sempre foi muito freqüentada. Paulo da Portela também era um diplomata. Então sempre houve isso. O que nós questionávamos era que as posições de mando, de dirigentes… os sambistas da Portela, de Oswaldo Cruz, começaram a perder… não há problema algum de uma pessoa de um lado da cidade freqüentar o outro lado. Eu mesmo sempre fiz isso. Eu gosto da Portela e gosto do Jóquei Clube Brasileiro. Agora, o que não pode, e aí eu acho que houve uma distorção, é o sujeito que é convidado pra ir à casa do outro e já querer mandar. E pessoas alheias. O Hiram mesmo é um sujeito super bem-intencionado, portelense, né? Mas certa vez ele falou uma coisa numa entrevista para um jornal (acho que era “O Estadão”. Não lembro… Era um jornal que ficava ali perto da Rodoviária) que a função dele e dos seus companheiros era levar cultura para a escola de samba. Então… é uma visão estereotipada! A escola de samba tem a sua cultura. Na verdade, ele estava querendo dizer escolaridade. Mas não era isso de que a Portela precisava. Tanto não era que ela perdeu o seu rumo. Você vê que no tempo em que as pessoas de lá faziam o Carnaval ela ganhava. Obviamente, houve uma transformação e hoje não ganharia com aquele time de lá. Mas eu acho que há a possibilidade de você fazer uma conciliação das duas coisas.
PORTEL@WEB: Até porque o Candeia sempre pregava: o problema não era as pessoas virem de fora, era a exclusão de quem estava dentro.
JB: Até dizia: Hoje em dia a Portela tem mais cacique do que índio.
PORTEL@WEB: Até porque, em 73, as pessoas já estavam saindo. Por exemplo, compositores como o Bubu da Portela, que se afastou em 73.
JB: É, chegou ao ponto em que você não encontrava mais ninguém da tradição da escola dentro dos ensaios. Hoje em dia mesmo… eu não tenho acompanhado de perto, mas parece que só nos primeiros sábados de cada mês, quando a Velha Guarda faz a feijoada, é que a coisa acontece. Caso contrário, ninguém está lá. Não existe mais o espaço, né? A escola de samba, eu creio, como um todo, não apenas a Portela, era a extensão da casa das pessoas. Pessoas pobres que não tinham dinheiro para entrar de sócio de um clube. Então não era a escola de samba só no dia de carnaval. Era a escola de samba do ano todo. As pessoas comemoravam seus aniversários. Eu mesmo comemorei alguns aniversários na Portela. Eu levava bolo. Quando havia a Festa da Penha, as pessoas faziam pernil, farofa e levavam para a barraca das escolas de samba na Festa da Penha. Quer dizer, havia uma interação. Era uma comunidade toda integrada, compreende? Quando cresceu, os dados identificadores foram se perdendo. Então você vai para a Portela como você vai para o Salgueiro, como você vai para a Mangueira. Para se distrair. Então, há sempre redutos de resistência. Então você vê a Velha Guarda “grande” da Portela (não digo a Velha Guarda Show). Eles têm lá a Portelinha. Eles fazem almoço nos dias de domingo, tá entendendo? Quer dizer, é uma saída. Quer dizer, o Portelão já não serve para eles, porque ali eles não são pessoas identificadas e identificáveis. São um… qualquer. Aí eles procuram um outro cantinho e levam a vida. Então hoje em dia há, na minha opinião, duas escolas de samba (não é só a Portela. Qualquer escola de samba): existe a escola de samba do carnaval que não tem nada a ver com a escola de samba local. A do carnaval é outra. A comunidade não participa. Então a Portela, por exemplo, tem o seu barracão lá no Cais do Porto. Aquilo é uma coisa. O pessoal da escola nem sabe o que vai aparecer no dia do carnaval. Não sabe. Na hora que chega lá embaixo é que o sujeito vai olhar para a alegoria. Às vezes, nem isso hoje em dia se vê. O cara desfila e não vê a alegoria. Antigamente, não: o sujeito acompanhava. Ele chegava lá. O barracão normalmente era no subúrbio. Aí ele chegava:
            – Pô, tá precisando de alguma coisa?
            – Quê que você sabe fazer?
            – Então vamo lá! Eu ajudo!
Entendeu? Era um trabalho de todo mundo. Agora são profissionais. Não adianta escapar! Hoje em dia não adianta escapar. Mas eu acho que há condições de você tentar contornar isso. Uma oficina, por exemplo, de costura. Marcenaria, entendeu? A escola pode criar oficinas que, inclusive, propiciem uma profissionalização das pessoas do lugar. O Nilo (presidente Nilo Figueiredo, que assumiu a administração da escola em 2004) entrou com umas idéias interessantes. O Carlos Monte é uma pessoa muito sensível. Mas ele (o Nilo) tem também um temperamento assim… complicado. Um temperamento militar, de quartel. E Portela não é isso. Em outra escola pode até ser, mas… eu acho que ele tem que mudar um pouco, né? Portela é uma escola de cortesia. Uma escola de educação pela sua própria história. Paulo da Portela é dito como socializador do samba. Então o portelense não gosta de grupo de ordem. O portelense está mais para o Itamaraty do que para a caserna.
PORTEL@WEB: Porque o portelense, mais ou menos, já sabe o que e como fazer, né? Porque a disciplina portelense independe…
JB: O portelense é disciplinado. Tanto é disciplinado que ele ficou trinta anos lá com o Carlinhos Maracanã e não criou caso. Só foi criar agora (risos). Então não é brincadeira. Trinta anos… Agora, é disciplinado! Se fosse no morro, não faria isso. Nenhuma escola de morro tem um presidente durante tanto tempo. Eu tenho amigos de outras escolas de samba e que visitam a minha casa também. O sujeito da Portela para cada vez que ele ia ao banheiro… Manacéa, Chico Santana sempre diziam “Dá licença, eu vou ao banheiro”. Já o sujeito de uma outra escola assim, se bobeasse ele fazia num pé de abacate. É uma escola diferente! Mas isso se mantém até hoje. Não sei se é por força de segurança hoje em dia ou até da fidalguia mesmo…
PORTEL@WEB: Acho que é o fundamento da escola…
JB: Pelo Paulo, né?
Mas hoje vai muita gente de fora. Mas eu acho que o sujeito que chega lá e vê aquele comportamento… O Lan diz que quando ele chegou da Argentina, pediu ao Édson Carneiro – antropólogo, que estava fazendo uma pesquisa sobre as escolas de samba – que o levasse até as escolas de samba. Então um dia o Édson convidou, num domingo de janeiro, para eles irem ao Salgueiro e o Lan aceitou. Nessa época, o Lan trabalhava num jornal e o Édson Carneiro deu um gravador daqueles enormes de rolo para ele carregar (ele era novinho, né?). Ele acha até que foi convidado para carregar o gravador (risos). E disse: “Você aceite tudo que oferecerem lá pra você, viu? Porque senão é desfeita”. Na época o Salgueiro ficava lá no alto do morro. Aí os caras vieram com um conhaque e ofereceram para os quatro (para dois professores, que também tinham ido com eles, pro Lan e pro Édson Carneiro). Os três falaram: “Lan, toma!”. Aí tomou os quatro. E saiu de lá bêbado (risos). Um sol danado… Aí ele (Lan) disse: “Poxa, isso é que é escola de samba?”. Quinze dias depois, eles foram à Mangueira. Aí chegaram lá na Mangueira para fazer a entrevista e só o Xangô estava lá. Eles tinham combinado antecipadamente, mas só o Xangô que estava lá. Chegou a vez da Portela, quinze dias depois. Quando eles chegaram na Portela, as mulheres todas de azul, os homens todos de branco e de chapéu os receberam de mão estendida e com comida… O Lan falou: “Bom, aqui é o meu lugar!”. Isso mostra que havia essa diferença.
PORTEL@WEB: Voltando um pouco para a Quilombo, por que você acha que as sugestões que o Candeia levou à Diretoria da Portela na época nem mesmo foram debatidas?
JB: Acho que a diretoria achava que estava no caminho certo, né? Naquela época se falava muito em transformação. O próprio Hiram, que era o coordenador do carnaval, achava que tinha que mudar mesmo. Achava e acha até hoje. O Jair Amorim e o Evaldo Gouveia, por exemplo,  foram convidados para fazerem o samba. E eles já sabiam que iam vencer. Então um monte de gente perdendo tempo, quebrando a cabeça… Então que eles chegassem e fizessem como o Nésio fazia na Tradição: eles não tinham ala de compositores e encomendavam ao João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Mas ninguém ficava perdendo o seu tempo. Então essa era a diretriz. O Carlinhos Maracanã queria ganhar o carnaval também. Ele não era maluco. Agora, o caminho que ele seguiu não foi um bom caminho, né? Você que tem um timaço de compositores como a Portela… Na época você tinha cinqüenta, no mínimo, “cobrões”… Poxa, você precisava importar compositores de outros tipos de música? Que eram grandes compositores! Seresteiros, né? Eles têm uma obra lindíssima, né? E eles tinham agradado também à Portela, porque tinham feito um samba falando da Wilma: “Como é que eu posso por ela trocar, a emoção de ver Wilma sambar…” (cantou João Baptista). E a Wilma era a grande dama da Portela. Eu acho que a culpa não é dele (do Carlinhos Maracanã), não. A culpa foi da Portela mesmo. Aí eles (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) fizeram o samba. Há até quem goste do samba, mas só que não era um samba com as características da Portela. Aliás, isso é um outro ponto importante também: cada escola de samba tinha a sua característica. Poxa, você dizia assim: “Esse samba é o samba bom pra Portela. Esse samba é um samba bom pra Mangueira, né?”. Havia um casamento entre a bateria e o samba. Hoje em dia o sujeito faz samba para todas as escolas. Dizem que existe aí um escritório.
PORTEL@WEB: Várias, várias…
JB: Várias firmas. O sujeito não conhece a alma daquela escola, a alma do ritmo…
PORTEL@WEB: E não respeita nem a tradição melódica da sua comunidade, né?
JB: É! E aí complica por isso. Existe já uma homogeneização, né? Você não difere mais quase nada. Antigamente Portela entrava na avenida e você sabia que era Portela pela batida da bateria. Mangueira também. Mas essas pessoas não. Elas não cresceram dentro daquela comunidade. Você ia num samba da Mangueira… chegava cinco horas da manhã, estavam descendo batuqueiros pra assumir a posição dos outros que iam dormir. Cinco horas da manhã! E o samba rolava até as nove, dez horas! Você estava dormindo, mas estava ouvindo a bateria de lá. Você era pequenininho e estava ouvindo aquilo. Então, para ele, bater samba era daquele jeito: aquele surdo… aquela marcação única, né? Da Portela já era um outro tipo. Agora não: você importa diretor de bateria; você “compra o passe” do cuiqueiro. Aí perde a característica.
 
PORTEL@WEB: Queria agora que você dissesse um pouco da Turma do Muro e do grupo “Os Mensageiros do Samba”.
JB: Na verdade, muita gente da Turma do Muro era do grupo “Os Mensageiros do Samba”. Existe a estação de trem. Então esse pessoal… Candeia morava do lado esquerdo de quem sobe, do lado da João Vicente. Ele ia para a Portela e depois, antes de ir para casa, continuava batendo papo ali no muro da estação de trem. E esse grupo é que vai fazer samba para a Portela. Eles eram novos ainda: Casquinha, Waldir 59, Candeia, Bubu… Na verdade, naquela época, início dos anos 50, havia dois, três sambas só. Um do grupo do lado direito de Oswaldo Cruz, onde fica a Portela, que era o pessoal do Manacéa. E depois, Candeia. Aí eles ganham. Passam a ganhar a partir de 53, com “As Seis Datas Magnas”. Eu até perguntei ao Manacéa:
            João Baptista: Manacéa, como você se sentiu, o garoto lá do outro lado da linha    vem e desbanca você?
            Manacéa: Poxa, eu até gostei, porque assim não tinha mais que quebrar a cabeça.
Eram meninos inteligentes. Eles tinham o estigma da Portela. Eu senti que eles     eram portelenses mesmo de sangue. E assim eu fui poupado para fazer samba-enredo falando sobre uma data histórica, o que já era difícil, e eles fizeram seis datas magnas. Entreguei para um melhor do que eu (que era o Candeia) .
Aí, você vê! Com toda a simplicidade, ele disse isso.
Então não havia essa disputa. Às vezes, um dos dois grupos retirava o samba. Quando percebia que o do outro era melhor, retirava. Há umas coisas que são boas por um lado e ruins por outro. Essa questão de samba. Essa cobiça de vencer samba-enredo. Porque sempre houve vaidade, né? O sambista queria ver a escola cantando o seu samba. Mas essa cobiça financeira foi por causa de uma atitude interessante do Martinho da Vila. Ele brigou para que os sambistas recebessem o direito de arena. Quem ganhava um samba, dava direitos pelo disco que vendeu. Execução era só do Natal até o Carnaval e acabou – e algumas emissoras, né? Mas agora com o direito de arena, o compositor ganha da televisão, ganha do ingresso… E é uma grana legal. Então… o Martinho não pensou nisso, né? Há “guerras” para ganhar um samba-enredo. Em algumas escolas de samba, fulano já diz: “Vai ganhar esse!”. Martinho mesmo passou por uma assim lá na Vila Isabel: ele chegou e os caras falaram “Canta errado aí, porque o samba é aquele…”. Isso pra intimidá-lo… com arma… A Ruça, ex-mulher dele, tinha coragem e chegou e botou o revólver na mesa assim: “Vai cantar também com o revólver aqui!”. Ela arrumou um revólver lá. “Vou ter revólver contra revólver, pô! Vocês estão querendo intimidar o corpo de jurados”. Isso dentro da escola, onde era o América.
PORTEL@WEB: E qual a data de formação do início do grupo “Os Mensageiros do Samba”?
JB: Isso você tem no meu livro. De cabeça eu não me lembro, mas deve ser por volta de 65… Por aí!
PORTEL@WEB: Durou muito pouco, né?
JB: É. Mas fez muito sucesso. Foi assim um dos primeiros grupos de escola de samba. Eles têm um disco muito bom. Foram a programas importantes de televisão na época. Viajaram…
PORTEL@WEB: “Os Originais do Samba” ficavam atrás, na coxia, assistindo à apresentação deles. Eles que viriam depois.
JB: Os Originais de São Paulo. Era um grupo de São Paulo.
PORTEL@WEB: É, porque eles (o grupo “Os Mensageiros do Samba”) viajavam. Como você falou, eles faziam apresentações fora do Rio também.
JB: Jorge do Violão, Arlindo “pai”, Casquinha, Bubu, Picolino…
PORTEL@WEB: Devido à posição firme do Candeia, diziam que ele era racista. Falavam isso dele…
JB: Não era racista, não.
PORTEL@WEB: Mas a que você atribui isso? Era essa forma, essa combatividade dele?
JB: Bom, naquela época foi mais ou menos quando começou a surgir o movimento Black Powernos EUA. No subúrbio do Rio havia grupos também Black Power. Na época havia soul music. E o Candeia levantava uma bandeira. E esses grupos estavam querendo pegar o Candeia, que era um sujeito que tinha visibilidade na mídia. Eu me lembro até… eu tinha um amigo que era um dos diretores do “Fantástico” – logo no iniciozinho do Fantástico, né? – e esse sujeito era muito ligado ao samba, Macedo Miranda Filho. Inclusive o padrinho de casamento dele foi o Nélson Cavaquinho. Mas ele não gostava do Candeia, não. O pai dele tinha sido preso na época da ditadura e ele não gostava de polícia. Achava o Candeia folgado. Então… ele sabia que o Candeia era capaz de fazer o que ele queria. Então me pediu que fosse o interlocutor da TV Globo e pediu ao Candeia para fazer um samba enaltecendo o samba e criticando osoul. Eu falei com o Candeia e o Candeia fez. O quadro saiu no “Fantástico” e teve uma repercussão danada, de tal forma que uma vez eu estava com o Candeia no Irajá (estávamos indo para Santa Cruz. Às quartas-feiras nós íamos a Santa Cruz comprar carne para a Quilombo no açougue de um moço chamado João do Mato) e quando o sinal parou, na quarta-feira seguinte ao domingo em que foi exibido esse quadro do “Fantástico”, o pessoal da soul music começou a jogar pedra. Foi uma matéria tendenciosa, porque o Macedo queria enaltecer o samba, né? Então ele pegava uma quadra de escola de samba. Entrevistas com pessoas ligadas ao samba. E depois fazia o mesmo com o pessoal da soul music . Só que o pessoal do samba ele escolheu a dedo; o pessoal da soul music ele pegava qualquer um. E o Candeia fez um samba: “Eu não sou africano nem norte-americano, ao som da viola e do pandeiro sou mais o samba brasileiro” (cantou João Baptista) . Tem um verso que ele diz assim: “à juventude de hoje dou meu conselho de vez: quem não sabe o beabá, já quer falar inglês. Aprenda o português”… Na bronca, né? Foi uma gozação que o Candeia fez. Então ele não era racista coisíssima nenhuma, né? Talvez ele fosse nacionalista. Isso pode ser. Mas racista não, porque na Quilombo havia branco, preto, mulato. Pelo contrário! Até esses grupos políticos negros, quando começaram a se aproximar da Quilombo, foram embora rápido, porque eles perceberam que o negócio não era esse. E também começaram a querer ser caciques e o Candeia, a diretoria… “Pô, se a gente cria uma escola pra sair dos caciques da Portela, vem outro cacique agora!”. Eu acho que com a visibilidade de um trabalho, qualquer que seja, aparece uma porção de gente querendo aparecer.
PORTEL@WEB: A crítica do Candeia ao soul era essa…
JB: Porque era uma cópia, né? Não havia… Eles nem sabiam o que estavam fazendo. Porque o Black Power lá, americano, tem os seus princípios, né? Ele conseguiu coisas. Mas aqui não: é um movimento alienatório. O sujeito está cantando músicas em inglês sem saber o que está cantando.
PORTEL@WEB: Você acha que, se o Candeia estivesse vivo, seria a mesma idéia hoje em relação ao funk e ao hip hop, por exemplo?
JB: Acho que hoje há uma parte que sabe o que faz. Naquela época era pouca gente. Agora… outra também não sabe. Uma parte desse grupo faz politicamente, mas acho que a maior parte ainda não vai desse jeito não… Ele quer é se distrair! Tá mais perto, ele mora em Rio das Pedras, tá cheio de menininha gostosa… Vai dar bola pra isso? Não existe a conscientização. Pode ser de um grupo pequeno, mas não existe. Agora naquela época era menor ainda esse grupo consciente. E você, dentro do país, você pode exercer qualquer… pode fazer qualquer tipo de política, até mesmo defendendo um grupo étnico, com as coisas nossas. Não precisa importar. Porque, se importa, a coisa já não sai autêntica. É complicado! As realidades são outras.
PORTEL@WEB: A Quilombo acabou porque Candeia morreu ou houve outros fatores que levaram a isso?
JB: A Quilombo não acabou. A Quilombo existe até hoje. Tá lá em Acari.
PORTEL@WEB: Mas qual a sua atuação?
JB: Eles têm creche, eles saem no Carnaval, entendeu? Só não têm a repercussão. Quando Candeia morreu, não houve mais…assim… houve até durante um ano ou dois, mas depois houve um esmorecimento, porque o Candeia atraía muita gente conhecida para lá. E depois, as pessoas também tinham outras coisas para fazer. O Candeia não tinha nada, só tinha a Quilombo, né? Tinha a aposentadoria… Nem a aposentadoria, porque ele não se aposentou, mas tinha o salário dele no fim do mês de policial. E os direitos autorais. Já estava gravando os artistas que vendiam discos, shows que ele fazia… Então, era um cara que dormia até meio-dia e depois ia inventar moda (risos).
PORTEL@WEB: No dia oito de dezembro de 2005 faz 30 anos de fundação da Quilombo. Teve continuidade? Houve algum período em que a escola parou e, posteriormente, recomeçou?
JB: Houve períodos em que houve um esmorecimento. A sede saiu da Rua Curipé, em Coelho Neto. Na verdade ela começou, por pouco tempo, lá em Colégio – o dia oito foi em Colégio – na rua, ali na Estrada do Barro Vermelho (João Baptista mostrou incerteza). Dali foi para a Rua Curipé. Depois, o deputado Jorge Leite arranjou um terreno lá em Acari. Mas tá lá, pô! E a gente sabia também que aquele frisson era um frisson inicial. Não existe nenhuma atividade desse tipo que vá manter-se nas páginas dos jornais a vida toda. Mas você acha a comunidade. Tá lá!
PORTEL@WEB: Mas não se criaram lideranças que pudessem…
JB: Rapaz, em 78 eu viajei para a Síria. Passei lá um bom tempo. Até a última festa, na casa do Candeia, foi a minha despedida. Quinze dias depois ele morreu e eu recebi a informação láem Damasco. Algumas pessoas tentaram. Nei Lopes tentou, por ser o líder, membro dos compositores (da ala dos compositores). Mas não tinha a dedicação, como eu disse, né? O Nei, na época, trabalhava numa firma de propaganda. Ele era publicitário e ficava lá de plantão para fazer música para a galinha que ia entrar em promoção num supermercado de Manaus. Era ele e um grupo. Chegava o empresário do mercado com o pedido, ele fazia uma música e uns versos, gravava e a fita ia num primeiro avião para Manaus. Então não dava!
PORTEL@WEB: São pessoas que não tinham tempo para dedicação, né?
JB: O Candeia, não. Ele passou três anos da vida dele só pensando nisso. E enchia o saco da gente (risos). Ligava duas horas da manhã e ele: “Alô! Vem um cara aí que fala árabe. Ele vai lá na Quilombo e você tem que ir lá receber o cara!” Ele até me jogava às vezes numas furadas. Uma vez ele me ligou:
            Candeia: Pô, vai ter um debate lá no Museu de Arte Moderna e eu queria que você          fosse pra dar uma força. Tá cheio de leão lá do outro lado querendo me comer. Vendo você na platéia eu me sinto melhor…
            João Baptista: Poxa, Candeia, eu tenho aula…
Eu tinha vinte e poucos anos. Comecei muito jovem na Faculdade de Letras. Eu tinha 22 anos.
            João Baptista: Eu tenho aula, Candeia, não vai dar não…
            Candeia: Pô, passa lá!
Vinte minutos depois, ele me liga de novo:
            Candeia: Pô, João, vai lá, que eu não estou me sentindo bem. Eu não vou, eu nem          vou. Vai lá e avisa que eu não vou.
            João Baptista: Então tá legal. Eu posso ir lá e aviso que você não vai.
Na hora que o cicerone chamou o Candeia para a mesa, eu levantei o braço para justificar a ausência do Candeia. Aí o apresentador:
            Apresentador: Ah, sim, você é o João Baptista!
            João Baptista: Sou.
            Apresentador: Ele disse que você veio substituí-lo.
(risos) Eu não sabia nem do que se tratava o assunto. Ele me jogava nessas coisas. Isso era meio Candeia, né? Aí quando eu saí de lá – puto, né? – liguei pra ele:
            João Baptista: Pô, como é que você faz isso, seu sacana?
            Candeia: Eu sabia que você ia se sair bem! (risos)
PORTEL@WEB: Lena Frias escreveu no seu livro que o povo ainda deseja o Candeia presente e de volta. De que forma o Candeia ainda vive?
JB: Ele vive pelas músicas dele. Quer dizer, eu acho que… Talvez eu até tenha ajudado a mitificar a figura do Candeia escrevendo o livro. Uma vez eu fui à UERJ participar de um debate sobre o Candeia, e eu até mostrei alguns lados negativos do Candeia. E a platéia foi à procura de outra coisa. Os caras ficaram abismados e aborrecidos, porque são admiradores do Candeia. Mas as pessoas são pessoas. Elas têm os seus lados bom e mau, né? E eu acho que se fala tanto dessa liderança do Candeia… Tanto é que a gente está conversando aqui há quase uma hora e só se falou nisso. E nós não falamos do Candeia compositor. Quer dizer: o Candeia, independente dessa liderança, independente da Quilombo e de outras coisas que ele fez, era um grande compositor. Um dos maiores compositores de samba. Então, enquanto as músicas dele forem tocadas – e vão ser, vão varar décadas – ele está aí, tá conhecido. A Quilombo, um ou outro sabe, um estudioso da cultura brasileira, da cultura das escolas de samba, da cultura do Rio de Janeiro. Mas “o mar serenou quando ela pisou na areia…” (cantou João Baptista) todo mundo sabe. Igual Noel Rosa… as histórias que Noel Rosa gostava de beber, não gostava de futebol. Disso sabe quem lê a biografia dele, né? Mas todo mundo sabe “quem é você que não sabe o que diz…” (cantou João Baptista).
PORTEL@WEB: Pode até não saber que a música é dele.
JB: É! Quer dizer, eu acho que talvez até nesse livro eu pudesse ter enfatizado mais o compositor Candeia. Mas para uma biografia eu tinha que botar as histórias, né? Então, as pessoas quando me perguntam, perguntam mais sobre a vida dele, a ação política dele. Candeia foi um cara que apoiou o Golpe de 64. Isso eu falei lá na UERJ e os caras… Mas ele era um sujeito inteligente. O Candeia é que chamou o Carlinhos Maracanã. Ele, o Mazinho… Agora, ele percebeu depois que não tinha sido uma boa indicação. Isso é normal, né? A gente erra e tem que reconhecer que não era aquilo. Agora eu acho que, antes de tudo, o Candeia tem que ser visto como um grande compositor de samba em termos de letra, de melodia. É um sujeito que tem uma melodia que a gente conhece. A gente reconhece aquela melodia do Candeia, que ninguém faz igual. Umas coisas inesperadas, né? A linha melódica… Eu não sou músico, não entendo de música; então, por isso, provavelmente não use um adjetivo apropriado. Mas o Candeia se caracteriza por um traço melódico inesperado depois do outro. A música vem pra cá? Não, ela desce. Você pensa que ela vai subir, mas ela desce. Isso é Candeia, né? Talvez quem mais se aproxime dele seja o Wilson Moreira. Ele tem também uma linha melódica bastante rica.
Entrevista concedida a Vanderson Lopes e  Rogério Rodrigues na Faculdade de Letras da UFRJ.

 

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