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João da Gente

, Discos para Download

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“Uma das mais belas vozes da Portela. Um verdadeiro versador, capaz de segurar um partido durante muito tempo” – Assim, Paulinho da Viola definiu João da Gente, na contracapa do histórico LP “Portela Passado de Glória”. Nascido João Rodrigues de Souza, João da Gente é considerado um dos grandes responsáveis pela manutenção da tradição oral do partido alto. Em seu livro “Partido Alto Samba de Bamba”, Nei lopes nos apresenta alguns exemplos de gravações onde João da Gente recorre a versos tradicionais:

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No LP Clementina de Jesus, de 1966, João aparece versando em resposta a Clementina na faixa “Barracão é Seu” usando, entre outras, as seguintes quadras:

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(A)
Eu queria ser balaio
Da colheita de café
Pra andar dependurado
Na cintura da mulher

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Essa primeira quadra é tradicional da zona cafeeira do nordeste do Estado de São Paulo. Esses versos podem ser ouvidos no samba “Braço de Cera”, de Nestor Brandão, lançado na Festa da Penha de 1926, com gravação de Frederico Rocha em disco 76 rpm (aos 2:26):

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(B)
Da Bahia me mandaram
Um presente num balaio
Era um corpo de gente
Cabeça de papagaio

 

Essa segunda quadra inicia-se a partir de um “pé-de-cantiga” – verso inicial padronizado – muito comum em várias regiões do Brasil, como no Rio Grande do Norte (colhido por Mário de Andrade):

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Da Bahia me mandaram
Uma camisa bordada
Na abertura da camisa
Tinha o nome da safada
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(C)
Eu sou o João da Gente
Não nego o meu natural
Eu defendo a Portela
No dia de carnaval

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Essa quadra começa com dois versos muito usados para que o versador possa se apresentar. Mário de Andrade, em seu ensaio “O Samba Rural Paulista”, de 1937, os descreve da segunite maneira:

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Eu me chamo Branco e Verde
Não nego meu natural

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Um ano antes do registro de João da Gente no disco de Clementina, Jair do Cavaquinho registra a seguinte quadra no disco “Rosa de Ouro Vol. 1”:

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Eu sou o Jair da Portela
Não nego meu natural
Eu visto azul e branco
No dia de carnaval
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Clique para baixar
Outro importante registro deixado por João da Gente é sua participação no primeiro disco da Velha Guarda da Portela, pouco antes de seu falecimento. Na faixa “A tristeza me persegue” ele nos apresenta uma quadra que começa com um pé-de-cantiga dos mais tradicionais, seguido por um verso ouvido por Mário de andrade num coco do Rio grande do Norte:

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Vou-me embora, vou-me embora
Bela mandou me chamar
Eu mandei dizer a ela
Tô doente, não vou lá

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No mesmo disco, João da Gente versa ainda em duas faixas: Em “Levanta Cedo” improvisa sozinho, tirando versos dignos de um partideiro da mais alta estirpe. Em “Alegria Tu Terás” versa em resposta a Ventura.

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Alegria Tu Terás (Antônio Caetano)

Voz: Ventura e João da Gente

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Comentários

Amigo ARTUR DE BEM, acho que você se enganou!! Ou então sou que posso estar equivocado, mas pelo que vejo aqui o "João da Gente" a que se refere este blog, chama-se João Rodrigues de Souza e o "João da Gente" que o VAGALUME acusa de plagiador chama-se João de Wilton (ou da Silva) Morgado, falecido em 18-01-1937, este sim contemporâneo de Sinhô. Grande Abraço!

Amigo ARTUR DE BEM, acho que você se enganou!! Ou então sou que posso estar equivocado, mas pelo que vejo aqui o "João da Gente" a que se refere este blog, chama-se João Rodrigues de Souza e o "João da Gente" que o VAGALUME acusa de plagiador chama-se João de Wilton (ou da Silva) Morgado, falecido em 18-01-1937, este sim contemporâneo de Sinhô. Grande Abraço!

Amigo ARTUR DE BEM, acho que você se enganou!! Ou então sou que posso estar equivocado, mas pelo que vejo aqui o "João da Gente" a que se refere este blog, chama-se João Rodrigues de Souza e o "João da Gente" que o VAGALUME acusa de plagiador chama-se João de Wilton (ou da Silva) Morgado, falecido em 18-01-1937, este sim contemporâneo de Sinhô. Grande Abraço!

Essa questão de medir se alguém é bom improvisador através de gravações não me parece muito adequado, já que nas gravações (ainda mais quando as gravadoras 'majors' davam as cartas) a margem para improviso era mínima. A tendência é partir para algo já conhecido, mais confortável para o intérprete e menos sujeito a erro nas gravações.

Melhor parâmetro seriam gravações/filmagens de rodas autênticas ou mesmo de shows.

Essa questão de medir se alguém é bom improvisador através de gravações não me parece muito adequado, já que nas gravações (ainda mais quando as gravadoras 'majors' davam as cartas) a margem para improviso era mínima. A tendência é partir para algo já conhecido, mais confortável para o intérprete e menos sujeito a erro nas gravações.

Melhor parâmetro seriam gravações/filmagens de rodas autênticas ou mesmo de shows.

Essa questão de medir se alguém é bom improvisador através de gravações não me parece muito adequado, já que nas gravações (ainda mais quando as gravadoras 'majors' davam as cartas) a margem para improviso era mínima. A tendência é partir para algo já conhecido, mais confortável para o intérprete e menos sujeito a erro nas gravações.

Melhor parâmetro seriam gravações/filmagens de rodas autênticas ou mesmo de shows.

Essa história de roubar samba tem aos montes, sinhô, heitor dos prazeres…

Mas isso que o João da Gente faz nessas gravações está longe de ser plágio. São versos tradicionais, praticamente de domínio público… Esse livro do Nei Lopes que citei é muito bom, tem umas entrevistas com uns caras da pesada, Geraldo Babão, Catone, Clementina, todos falam sobre esses "pés-de-cantiga". Tem até algumas entrevistas que trancrevi aqui, na página "leituras". Geralmente esses versos não comões toda a quadra… usa-se um pé-de-cantiga, ou muleta, de dois versos pra introduzir, depois o cara acresenta a sua parte…

Mas se reparar bem, essa gravação do Barracão é Seu tem um monte de verso improvisado. Conheço muito pouco sobre o João da Gente, mas as palavras do paulinho da viola no inicio do texto merecem crédito. Também já vi uma entrevista do Monarco onde ele fala muito bem sobre ele, que era um dos maiores versadores que já viu…

Na gravação de "Isso não são horas" com o Catoni, Zagaia e Xangô" tá cheio de verso tradicional:

Xangô: Obra da fatalidade, um acontecimento da vida real
Catone: Essa mulher não me ama…
Zagaia: Eu vou lhe dar um conselho…
Catone: Alecrim na beira d'água…
Xangô: Da bahia me mandaram…

E é importante lembrar que esses versos se tornam populares nas rodas de partido e não por suas gravações.

Um clássico é o "Eu não bebo mais cachaça":

Eu não bebo mais cachaça
Nem o cheiro quero ver
Quando vejo ela no copo
Não posso deixar perder

Eu não bebo mais cachaça
Vou tomar como capricho
Outro dia vi fulano
Com a cara enterrada no lixo

Eu não bebo mais cachaça
Porque ele se faz de besta
A gente bebe pra barriga
E ela sobe pra cabeça

O Nei Lopes fez até uma lista de versos tradicionais usados nas rodas antigas de partido alto:

Você diz que é malandro…
No tempo que eu cantava…
Me chamaram pra cantar…
Se eu soubesse que tu vinhas…
Minha mãe sempre me disse…
Lá no morro de mangueira (salgueiro, são carlos, favela, etc…)
Minha mãe me deu dinheiro…

Só não vale ficar no "Esse samba tá bonito, esse samba tá legal" rsrsrs

Essa história de roubar samba tem aos montes, sinhô, heitor dos prazeres…

Mas isso que o João da Gente faz nessas gravações está longe de ser plágio. São versos tradicionais, praticamente de domínio público… Esse livro do Nei Lopes que citei é muito bom, tem umas entrevistas com uns caras da pesada, Geraldo Babão, Catone, Clementina, todos falam sobre esses "pés-de-cantiga". Tem até algumas entrevistas que trancrevi aqui, na página "leituras". Geralmente esses versos não comões toda a quadra… usa-se um pé-de-cantiga, ou muleta, de dois versos pra introduzir, depois o cara acresenta a sua parte…

Mas se reparar bem, essa gravação do Barracão é Seu tem um monte de verso improvisado. Conheço muito pouco sobre o João da Gente, mas as palavras do paulinho da viola no inicio do texto merecem crédito. Também já vi uma entrevista do Monarco onde ele fala muito bem sobre ele, que era um dos maiores versadores que já viu…

Na gravação de "Isso não são horas" com o Catoni, Zagaia e Xangô" tá cheio de verso tradicional:

Xangô: Obra da fatalidade, um acontecimento da vida real
Catone: Essa mulher não me ama…
Zagaia: Eu vou lhe dar um conselho…
Catone: Alecrim na beira d'água…
Xangô: Da bahia me mandaram…

E é importante lembrar que esses versos se tornam populares nas rodas de partido e não por suas gravações.

Um clássico é o "Eu não bebo mais cachaça":

Eu não bebo mais cachaça
Nem o cheiro quero ver
Quando vejo ela no copo
Não posso deixar perder

Eu não bebo mais cachaça
Vou tomar como capricho
Outro dia vi fulano
Com a cara enterrada no lixo

Eu não bebo mais cachaça
Porque ele se faz de besta
A gente bebe pra barriga
E ela sobe pra cabeça

O Nei Lopes fez até uma lista de versos tradicionais usados nas rodas antigas de partido alto:

Você diz que é malandro…
No tempo que eu cantava…
Me chamaram pra cantar…
Se eu soubesse que tu vinhas…
Minha mãe sempre me disse…
Lá no morro de mangueira (salgueiro, são carlos, favela, etc…)
Minha mãe me deu dinheiro…

Só não vale ficar no "Esse samba tá bonito, esse samba tá legal" rsrsrs

Segundo o escritor Vagalume, João da Gente era um baita plageador.
Mas o mesmo Vagalume disse que Sinhô era o maior compositor de todos os tempos. E até então eu já tinha ouvido histórias de que Sinhô roubava sambas dos outros.

Pelo que postasse, dá impressão de que João da Gente SÓ copiava versos mesmo… Mas eu não arriscaria bater de frente com ele… 🙂

Segundo o escritor Vagalume, João da Gente era um baita plageador.
Mas o mesmo Vagalume disse que Sinhô era o maior compositor de todos os tempos. E até então eu já tinha ouvido histórias de que Sinhô roubava sambas dos outros.

Pelo que postasse, dá impressão de que João da Gente SÓ copiava versos mesmo… Mas eu não arriscaria bater de frente com ele… 🙂

Segundo o escritor Vagalume, João da Gente era um baita plageador.
Mas o mesmo Vagalume disse que Sinhô era o maior compositor de todos os tempos. E até então eu já tinha ouvido histórias de que Sinhô roubava sambas dos outros.

Pelo que postasse, dá impressão de que João da Gente SÓ copiava versos mesmo… Mas eu não arriscaria bater de frente com ele… 🙂

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