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Morro das Pedras: Homenagem ao Império Serrano

, Morro das Pedras

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Há muito tempo penso em falar sobre o Grêmio Recreativo de Tradição e Pesquisa Morro das Pedras… Mas quando esses caras estavam recriando o samba em seu estado mais puro eu ainda estava na escola, ouvindo Rock ‘n Roll e por isso muito pouco sei sobre essa rapaziada… Já pedi a quem entende do assunto pra escrever um texto, mas sabem como é, sambista gosta de caneta é só pra escrever uns versos (não é mesmo Tuco?).
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O que eu sei é que mesmo estando tão distante deles no tempo e no espaço (eles são de SP e eu cresci aqui em Minas…) eles foram responsáveis por uma grande mudança na minha forma de ouvir e fazer samba. Há cerca de 5 anos atrás baixei um disco chamado “Cristina Buarque e Terreiro Grande ao Vivo”. Confesso que ele ficou uns meses encostado até eu ouvir com mais atenção. Mas no dia em que parei pra ouvir essa obra prima nunca mais enxerguei o samba da mesma forma. Nunca havia visto aquilo… todo mundo cantando, um coro ensurdecedor. E aquela batucada monstruosa, o que era aquilo meu Deus? Um dia vi anunciando uma roda com eles em Belo Horizonte. Não pensei duas vezes e fui correndo pra lá. Foi lá que conheci alguns integrantes e num rápido bate papo descobri que aquela turma era uma pequena amostra de algo muito maior e que já acontecia há anos em São Paulo…
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Como eu não conheço a fundo a história do grupo, deixo aqui um relato do André Carvalho, publicado no seu blog o “Couro do Cabrito” sobre a importância do Morro das Pedras:

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Há alguns anos atrás, travei conhecimento de uma organização de sambistas chamada Grêmio Recreativo de Tradição e Pesquisa Morro das Pedras. Conheci o Roberto, do surdo, por intermédio de uma grande amiga minha, que estudou Sociologia com ele. Nos sambas do Morro das Pedras, senti-me em um terreiro de escola de samba das antigas. Eles fazem samba como se fazia quando o samba ainda era puro. Eles faziam samba como o samba era feito na Portela nos anos 30, 40, 50…
 
Sendo eu um amante do samba legítimo, fiquei apaixonado por aquela roda de samba com 20 pessoas, fazendo um samba cadenciado, equilibrado, sem atropelos e sem aceleração. Tinha três violões, quatro cavaquinhos, duas cuícas, três pandeiros… Era uma roda de samba típica dos terreiros que já não existem nas escolas de samba. Uma roda de samba sem microfone. Tudo no gogó mesmo. Todos cantavam no coro e o solista soltava a voz. Os partideiros cantavam bem, além de serem exímios versadores. Fiquei realizado. Aquele era o modelo de roda que eu gostaria que todos seguissem.
 
O G.R.T.P. Morro das Pedras, além de proporcionar um belo espetáculo de samba, também (e principalmente) atuava na pesquisa de antigos sambas de terreiro. Eles resgatavam antigos sambas de terreiro e a cada encontro um grande sambista do passado era reverenciado e revalorizado. Nomes como Aniceto da Portela, Carlos Cachaça, Silas de Oliveira, Paulo da Portela entre outras cobras foram homenageados. Além disso, também faziam um belo trabalho social na comunidade de São Mateus. Ao mesmo tempo que recuperavam a história de grandes sambistas do passado, atuavam junto à comunidade carente de São Matheus, berço do projeto. Palavras de Roberto Didio, surdista do Terreiro Grande e um dos idealizadores do GRTP Morro das Pedras, em 2001, ano de fundação da agremiação: “O Grêmio tem como ideal maior defender, cultuar e pesquisar o samba e suas tradições. O trabalho social acompanha nossa trajetória. Ele faz parte do nosso histórico de fundação.”
 
Regularmente, como forma de resgate e preservação, o Morro das Pedras fazia homenagens a grandes compositores das escolas de samba que tinham sua obra caindo no esquecimento. Compositores como Manacéa, Aniceto da Portela, Silas de Oliveira, Paulo da Portela, Alcides, Alberto Lonato, Mijinha, Chico Santana, Nilton Campolino, Aniceto do Império, Antenor Gargalhada… Resgatando sambas lindos para serem revividos, com toda a emoção que carregam, nas rodas de samba. Em janeiro de 2005, uma das homenagens seria para o portelense Alvaiade. Para esta roda, convidaram Cristina Buarque, que também faz um trabalho de resgate de sambas de terreiro no Rio. Ela se convenceu a ir porque seria uma homenagem a um ótimo compositor e porque o samba seria do jeito que ela gosta: sem palco e sem microfone.
 
Ela foi, não se arrependeu e começou a freqüentar o Morro das Pedras. Mais que isso, começou ajudá-los nas pesquisas. Em fevereiro de 2007, quando Cristina recebeu um convite para se apresentar no Teatro FECAP, em São Paulo, ela logo pensou na rapaziada do Morro. Como eles haviam encerrado as atividades no final de 2006, alguns deles (só quinze) se reuniram novamente sob o nome de Terreiro Grande.

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