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Toniquinho Batuqueiro

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Na última quarta feira, dia 23/11 perdemos um grande sambista. Antônio Messias de Campos, mais conhecido como Toniquinho Batuqueiro partiu aos 82 anos e deixou um grande legado, de extrema importância para a identidade do verdadeiro samba paulista.
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Nascido em Piracicaba, mudou-se para São Paulo e trabalhando como engraxate foi descoberto pelo compositor B. Lobo, que logo reconheceu o talento do jovem sambista. Nos anos 70 participou, ao lado de Geraldo Filme e Zeca da Casa Verde, do espetáculo “Nas quebradas do mundaréu” dirigido por Plínio Marcos e que acabou virando LP em 1974. Esse é um dos mais importantes registros ligados ao samba rural paulista. Só em 2009 lançou seu primeiro disco solo, o belissimo “Memórias do Samba Paulista“.

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Vá em paz mestre!
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Pra quem nào conhece o Toniquinho Batuqueiro, deixo um belo texto escrito por Marcelo Benedito Abruzzini do Movimento Cultural Projeto Mosso Samba de Osasco:
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A vida de Toniquinho Batuqueiro, nascido a 25 de fevereiro de 1929 em Pau Queimado – Piracicaba, compõe um verdadeiro quadro da história do samba paulistano.
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Instalando-se a princípio no Parque Peruche, na capital, local de importante fixação de negros vindos das chamadas zonas batuqueiras do oeste paulista (onde ocorre o “Batuque de umbigada” ou “Tambu” pelos seus dançadores, e também o “Samba Rural Paulista” assim denominado por Mário de Andrade) circulou por todos os pontos de samba e tiririca (espécie de capoeira de sotaque paulista) na cidade, como a Vila Maria, a Vila Santa Maria, Casa Verde, Largo da Banana, Largo das Perdizes, área sul da Sé.Ainda no tempo do bonde, veio trabalhar como engraxate na Praça da Sé onde conviveu com bambas como Geraldo Filme, Synval e Germano Mathias.
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O ponto, naquele tempo, era bom para engraxates, como dizia Toniquinho, pois todos os bondes vinham para a Praça da Sé trazendo o povo com o pé todo cheio de lama, já que eram poucas as ruas asfaltadas naquele São Paulo antigo.
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Todo final de expediente terminava em batucada na lata de graxa e em uma ou outra roda de tiririca, sempre com muita atenção contra a rigorosa perseguição policial. Após uma estada no Rio, onde morou na Lapa trabalhando como entregador de pão, retorna à São Paulo, onde participa da formação da Unidos do Peruche e da Unidos da Vila Maria. Nesse período instala-se em Osasco, na grande São Paulo, na qual desenvolveu alguns projetos como a desativada Praça do Samba, espaço para o cultivo de velhos e apresentação de novos talentos.
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A vivência musical de Toniquinho, mesclando informações do Tambu vivido na infância com influências das marchinhas do carnaval carioca e paulista, todas remexidas no caudilho musical negro que eram as Festas de Bom Jesus do Pirapora, fizeram de Toniquinho um dos maiores ritmistas do país, talento reconhecido por nomes como Mestre Fuleiro do Império Serrano, e também por sua profunda vivência como juri de bateria nos diversos concursos carnavalescos pelo país.
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Sua convivência com Plínio Marcos também se destaca, personalidade que ainda lhe inspira profunda devoção. Nos anos de chumbo da ditadura, Toniquinho, Geraldo e Zeca da Casa Verde gravam o antológico “Plínio Marcos em Prosa e Samba- Nas quebradas do mundaréu”, hoje objeto de colecionadores, onde contam e cantam suas histórias. Esse mesmo grupo participa de várias peças teatrais criadas pelo Plínio, compondo ou interpretando a si mesmos, como na peça Barrela, que mostra o cotidiano de uma típica cela de prisão.
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Esse é mais um mestre

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